Voluntários ou chamados?

Voluntários ou chamados?

Há uma diferença essencial entre servir como voluntário e como alguém chamado por Deus. A campanha “Deus precisa de você”, ainda que bem-intencionada, revela um engano: Deus não precisa de ninguém. Ele chama, comissiona e envia. Jesus mesmo não foi um voluntário, mas um enviado do Pai, agindo em obediência total.

Embora o espírito voluntário seja louvável, o problema está na mentalidade. Muitos que foram de fato chamados por Deus para servir adotam uma postura de voluntários, agem como quem escolhe “ajudar” quando quer, segundo suas próprias condições. Mas Deus não realiza Sua obra com voluntários, e sim com homens e mulheres comissionados por Ele. Voluntários iniciam algo por iniciativa própria. Chamados respondem a uma ordem.

Voluntariado na Igreja: um risco disfarçado. O voluntário, conforme descrito, decide como, quando e até se quer servir. Ele observa uma necessidade e se oferece para "ajudar". Isso pode ser bom no mundo, mas não é o padrão da Casa de Deus. Quando os irmãos agem como voluntários, não frutificam. Já os irmãos convictos do chamado geram frutos, e essa é a diferença: autoridade espiritual nasce do comissionamento divino.

Deus sempre chama com propósito e concede uma equipe a quem é chamado. Quem serve ao Senhor faz o que Ele ordenou, não o que julga ser mais útil ou agradável. Servos obedecem; voluntários escolhem. E obras feitas sem obediência são meramente humanas e espiritualmente nulas.

Cinco maneiras pelas quais Deus confirma um chamado: 1) Voz do Espírito Santo. Um testemunho interior que gera paz e convicção.

2) Revelação nas Escrituras. Deus fala por meio da Sua Palavra.

3) Pregações. Mensagens liberadas que confirmam o chamado.

4) Circunstâncias. Sinais e situações alinhadas com o que Deus já falou.

5) Confirmação dos irmãos. A liderança reconhece e confirma o chamado.

Importante: Deus chama, mas a separação para a obra é feita pela Igreja. Líderes espirituais têm autoridade para designar, e isso deve ser visto como parte da vontade de Deus. Voluntários começam e param quando querem. Os chamados permanecem, mesmo nas dificuldades, pois sabem: “Fui enviado.”

Características da mentalidade de voluntário: 1) Escolhe como servir. Age por iniciativa própria. Como Nadabe e Abiú, ofereceram “fogo estranho”, algo que Deus não pediu (Levítico 10:1-2).

2) Escolhe quando servir. Age por boa intenção, não por obediência, como Uzá ao tocar a Arca (1 Crônicas 13:7-10). Deus quer obediência, não ajuda humana.

3) Depende da própria força. Só faz o que está ao seu alcance. Mas o chamado de Deus exige fé e dependência do poder Dele, não da capacidade humana.

4) Não aceita cobrança. Espera reconhecimento. Se acha injustiçado quando é cobrado, pois se vê como alguém que “já faz muito”.

5) Não se dispõe ao sacrifício. Não aceita correção nem confronto. Serve quando quer e como quer.

Conclusão: A obra de Deus não começa em nós, mas no Senhor. Ela é iniciada e sustentada por Sua vontade. Voluntários produzem justiça própria, vanglória e instabilidade. Chamados servem com humildade, perseverança e submissão ao Espírito Santo.

A pergunta-chave não é se há necessidade, mas: “Deus me chamou para isso?” Se você serve em algum ministério, lidera uma célula, não faça por pressão ou por "ajudar a igreja". Faça por obediência ao chamado de Deus.

Chega de voluntários. Precisamos de servos e líderes comissionados, enviados e sustentados por Deus para esta obra e para este tempo.