Ser como Cristo

CULTO DO DOMINGO 01/06/2025
Publicado em 27/05/2025

Ser como Cristo

 

A graça de Deus é algo completamente espiritual e não pode ser entendida pela nossa mente carnal. Muitos de nós ainda гаciocinamos com a nossa carne. É comum ouvirmos que graça e amor são básicos, mas lei e santidade são profundos, quando o contrário é verdadeiro.

Quando Israel era um bebê, nephios, ele aprendeu a lei (Gálatas 4:1-4). Portanto, a lei é elementar, ela é o ABC. A carne é lógica e razoável, mas a graça não é lógica, nem é razoável, é por isso que você não pode argumentar sobre a graça. Você ouve dez sermões sobre a graça, e o décimo primeiro que ouve sobre a lei o faz esquecer os dez.

Há algo a respeito da graça que você deve ouvir, ouvir e ouvir novamente, porque não é natural. É celestial. É do próprio Deus. O próprio Jesus é a graça. A graça sempre confunde a nossa lógica natural e nos leva a pensar segundo a mente de Cristo. Paulo diz que nós temos a mente de Cristo, isso significa que, quando pensamos em linha com o evangelho da graça, expressamos o coração do Senhor (1 Coríntios 2:16). Podemos dizer que manifestaremos o mesmo Espírito que houve Nele.

A vontade de Deus é que possamos crescer até a estatura de Cristo. Isso acontece quando contemplamos o Senhor. Quando o contemplamos, somos transformados de glória em glória (2 Coríntios 3:18).

Certa vez, o Senhor planejou repousar numa aldeia de samaritanos, mas eles não o receberam. Essa atitude deixou os discípulos indignados, então Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las (Lucas 9:51-56). Infelizmente, alguns como Tiago e João ainda não sabem de que espírito são. O Espírito de Cristo é o espírito da graça. Qualquer coisa fora do espírito da graça não pode expressar o coração e a mente do Senhor.

A atitude dos discípulos é o espírito comum do mundo: "Se alguém faz um mal a mim, então eu deveria fazer um mal maior a ele". Tiago e João queriam trazer julgamento e condenação, mas este não é o espírito de Cristo. Todas as vezes que você se perceber julgando e condenando, você deve parar imediatamente, pois saiu do espírito da graça de Cristo.

O problema é que presumimos que as pessoas somente vão mudar se ouvirem uma palavra de condenação. Todos vivem debaixo de permanente acusação e condenação do diabo e nem por isso mudam. Se condenação tivesse o poder de nos mudar, o inimigo jamais o faria. Nós crescemos quando manifestamos o Espírito de Cristo. Gostaria de mostrar três exemplos na vida de Paulo que ilustram o crescimento no Espírito de Cristo.

A percepção de si mesmo. Todos nós pensamos que o apóstolo Paulo é o maior de todos os apóstolos, afinal ele escreveu três quartos do Novo Testamento. Suas cartas são repletas de revelações profundas de Cristo. Mas talvez você se surpreenda com a forma como Paulo se percebia. Ele não se via como sendo o maior. Seguindo a ordem cronológica dos livros que Paulo escreveu, podemos ver três afirmações impressionantes que ele fez, as quais mostram o seu processo de crescimento. A primeira está em 1 Coríntios 15, onde ele diz: Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus (1 Coríntios 15:9).

Paulo colocou todos os apóstolos como sendo superiores a si mesmo: "Eu sou o menor comparado a todos os apóstolos". Nós o consideramos, e com razão, como o maior dos apóstolos, mas, em sua própria opinião, ele diz: "Eu nem sou digno de ser chamado apóstolo. Sou o menor dos apóstolos". Ele não dizia isso por causa de alguma falsa modéstia, mas esta era a sua realidade.

O caminho do crescimento na graça é para baixo. Achamos que o correto é sermos iguais, mas a maturidade nos leva a concluir que os outros são maiores do que nós. Crianças gostam de dizer umas às outras: "Você não é melhor do que eu!"

Quando você se relaciona com alguém e tem certeza de que essa pessoa é maior do que você, a sua postura é de respeito, honra e consideração. Mas, quando você acredita que precisa se relacionar de igual para igual, não conseguirá manifestar o espírito de Cristo. Por ocasião da Última Ceia, o Senhor se vestiu de uma túnica, colocou um avental e passou a lavar os pés dos apóstolos. Pedro se recusou a permitir que o Senhor o lavasse, mas Jesus lhe disse: Se eu não te lavar, não tens parte comigo (João 13:8). O Senhor não disse: "Não tens parte em mim". Se dissesse isso, significaria que Pedro não tinha salvação. Ele disse: "Não tens parte comigo", significando que não tinha comunhão. Isso é impressionante, porque a religião ensina que nós servimos a Deus, mas o Senhor disse que só podemos ter comunhão com Ele se Ele nos servir. Na sua volta, o Senhor disse que servirá os seus servos (Lucas 12:37).

O Espírito de Cristo é que Ele, sendo Deus, desceu da glória, vestiu-se da humanidade e serviu. O verdadeiro servo considera os outros maiores que ele mesmo.

Depois disso, Paulo cresceu mais no Senhor e então ele escreveu o livro de Efésios. Em Efésios 3, lemos o seguinte: A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo (Efésios 3:8). Agora, ele não está mais se comparando com o escopo limitado dos apóstolos. Ele diz que, dentro da igreja inteira, ele era o menor. Eu me conheço e conheço muitos irmãos que não são grandes, mas Paulo diz que é menor que todos nós. E ele nem está se referindo ao seu passado. Ele diz que, no presente, ele é o menor. Quanto mais Paulo crescia, mais ele via os seus pecados. Entretanto, é evidente que ele via tudo isso debaixo da luz da graça e do amor de Deus. Essa percepção do pecado, portanto, apenas amplia a graça de Deus.

Quando chegamos a 1 Timóteo, veja o que Paulo diz: Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (1 Timóteo 1:15). Ele cresceu na graça de Deus, mas parece que, quanto mais ele avança, mais vê que não é perfeito. Contudo, não pare nesse ponto. Se você parar aqui, ficará em desespero. Na graça, quanto mais você vê o seu pecado, mais entende como foi perdoado.

Você não deve viver debaixo de condenação, mas isso não significa que você não possa mais se avaliar ou aceitar ser avaliado. É possível perceber as próprias deficiências e pecados e ainda assim ter completo descanso na graça e no perdão do Senhor. É verdade que hoje não dizemos que somos pecadores. Nós somos santos, fomos salvos e justificados. Isso, porém, não significa que eu tenha perfeição sem pecado. Mesmo sendo justos, ainda há pecado em nossa carne. Perceber e admitir o pecado não é cair no desespero da condenação, mas é engrandecer a graça de Deus, magnificar o seu amor.

Quanto mais você crescer, mais será como o apóstolo Paulo. Primeiro, ele diz: "Sou menor que todos os apóstolos". Então, ele ampliou para todo crente: "Eu sou o menor de todos os santos". Depois que cresceu um pouco mais no Senhor, ele disse: "De todos os pecadores, eu sou o principal". Ele exaltou a graça de Deus.

Perdão e juízo. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! (2 Timóteo 4:14-16). Num primeiro momento, parece que Paulo está assumindo uma atitude diferente do Espírito de Cristo. Ele diz a Timóteo que Alexandre o latoeiro lhe tinha causado muitos males e por isso Deus lhe daria a paga. 

Entretanto, não foi esta a atitude de Cristo na cruz. Depois de ter sofrido tudo, o Senhor disse: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23:34). Também não foi a atitude de Estevão diante daqueles que o apedrejavam. Ele disse: Senhor, não lhes imputes este pecado (Atos 7:60). Ele demonstrou o mesmo Espírito de Cristo. Apesar disso, parece que Paulo estava pedindo a Deus que pesasse a mão sobre o tal Alexandre.

A verdade, porém, é que Paulo tinha o mesmo Espírito de Cristo e de Estêvão, ele não guardava nenhum tipo de ressentimento. Tudo fica claro quando lemos o versículo 15 e descobrimos que a indignação de Paulo, na verdade, era porque a mensagem do evangelho estava sendo resistida. As palavras de Paulo, a que ele se refere, obviamente apontam para a sua pregação do evangelho da graça. Se alguém resiste ao evangelho, precisa mesmo receber a paga de Deus. Paulo diz que o latoeiro havia resistido à sua mensagem.

Depois, no versículo 16, Paulo se refere especificamente àqueles que o abandonaram. Ninguém ficou do seu lado quando enfrentou os detratores, mas ele expressa a atitude de Cristo quando diz: Que isto não lhes seja posto em conta! Se alguém faz algo contra mim, já está perdoado, mas, quando produz dano ao evangelho, então sofrerá a paga.

Nesse evento, vemos claramente a atitude de Paulo para com a defesa do evangelho e a sua postura para consigo mesmo. Quando alguém resiste à pregação do evangelho, constitui-se inimigo de todos os homens. Quando a mensagem é resistida, isso significa que as pessoas deixarão de ouvir e por isso não serão salvas. Tais opositores, por isso, devem receber a paga. Contudo, quando a ofensa é contra ele mesmo, a atitude de Paulo é de perdão e esquecimento.

O mesmo sentimento vicário. Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência: tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne (Romanos 9:1-3). Antes de fazer a afirmação que está prestes a falar, Paulo precisa primeiro nos dizer que ele fala na presença do Espírito do Santo. O que ele tem a dizer é tão espantoso que antes precisa afirmar que não está mentindo, mas fala a verdade na presença de Deus.

Esta certamente é a declaração mais estonteante do apóstolo Paulo. Ele diz que desejaria, se possível fosse, ser amaldiçoado, sendo lançado ao inferno, se isso significasse a salvação dos seus compatriotas. Esta é a demonstração do Espírito de Cristo no seu grau mais elevado. Paulo diz que não se importaria em ser anátema. Isso significa ser amaldiçoado. Gálatas 3:13 diz que Cristo se fez maldição por nós, então Paulo demonstrava o mesmo amor de Cristo. Você algum dia desejou ser lançado no inferno para que alguém pudesse ser salvo? Eu preciso admitir que isso nunca me ocorreu.

Esse pessoal perseguia Paulo por todo lugar aonde ele ia. Em alguns lugares, eles o apedrejaram; em outros, prenderam-no e o açoitaram. Eles planejavam a morte do apóstolo, no entanto Paulo os amava tanto que desejava até mesmo ser anátema se isso resultasse na salvação deles. Este é o Espírito da graça no nível mais elevado. A verdade é que Paulo contemplou tanto a Cristo que, depois de muito tempo, ele se tornou tão parecido com o Senhor que tinha no seu coração a mesma expressão, o mesmo Espírito de Cristo.

Esse tipo de crescimento não pode ser produzido pelo esforço humano, não pode ser simulado com nossas boas intenções. Ele só acontece quando você olha tanto para Cristo, identifica-se tanto com Ele que, no fim, os seus sentimentos se tornam como os Dele. Você chega ao ponto de morrer pelos próprios inimigos que desejam matá-lo. Que esse seja o fruto da graça em nossa vida, a perfeita manifestação do Espírito de Cristo!

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