DOMINGO 08 DE SETEMBRO DE 2024.
Publicado em 06/09/2024
O Senhor Jesus disse em João 4.24: Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Para ter comunhão com Deus, que é espírito, precisamos também usar o nosso espírito. Para isso, Deus também nos fez espírito, alma e corpo. Com o nosso corpo, conhecemos o mundo físico. Com a nossa alma, lidamos com o mundo da mente e das emoções. E, com o nosso espírito, temos comunhão com Deus.
Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade. Os olhos do Senhor passam por sobre toda a terra, procurando homens cujo coração sejam inteiramente Dele, homens e mulheres que o amam de todo o coração. Maria é um exemplo de adorador no Novo Testamento. Sua atitude mostra o padrão daqueles que desejam adorar a Deus. O texto de João diz que Marta servia, mas Maria estava aos pés do Senhor.
A atitude de estar aos pés do Senhor nos mostra que seu anseio não era por ninguém mais além do Senhor. Ela estava completamente embevecida e deslumbrada com a Sua presença. Não quero criticar Marta, dizendo que seu serviço não era importante. Certamente, precisamos de muitas Martas dentro da vida da igreja, mas Jesus foi muito claro quando disse que Maria escolheu a melhor parte. Maria escolheu a intimidade com o Senhor. Infelizmente, há muitos que têm ânimo de fazer todo o serviço braçal, mas não têm disposição de investir tempo simplesmente adorando o Senhor.
O pensamento de muitos é que o nosso trabalho toca o coração de Deus. Por causa disso, vivem correndo e fazendo coisas. Entretanto, a igreja é edificada mais solidamente por irmãos que têm uma grande atração em seu coração pelo Senhor, que têm uma fome insaciável pela Sua presença. O mundo se impressiona quando agimos como Marta, mas ele é tocado e incomodado pela adoração de Maria. Gostaria de realçar alguns princípios que podem ser vistos na atitude de Maria.
Maria ungiu os pés de Jesus. Estar aos pés nos fala de uma posição de humildade. Deus resiste aos soberbos, mas dá graças aos humildes. O ato de prostrar-se já é uma demonstração de humildade. Estar aos pés também significa que sua atenção e seu olhar eram exclusivamente para o Senhor. Nós nos tornamos semelhantes àquilo que adoramos (Salmo 115:4-8). Somente aquele que está aos pés pode experimentar a transformação que vem pela contemplação.
Maria sentou-se aos pés do Senhor, indicando quietude de alma, ao contrário de Marta, que estava afobada com tantas tarefas. Não podemos dizer que seja errado fazer coisas para o Senhor, mas faz melhor aquele que se aquieta para desfrutar da Sua presença em adoração.
Estar aos pés simboliza também a atitude de um escravo diante do seu senhor. Em Israel, existiam dois tipos de escravos. Havia aquele que servia ao seu senhor compulsoriamente, por obrigação, afinal não tinha escolha, pois era um escravo, mas existia um outro tipo de escravo que servia ao seu senhor por amor.
A lei prescrevia que, a cada sete anos, no ano sabático, todos os escravos deveriam ser libertos. Mas, se nesse tempo o escravo dissesse: "Não quero ir embora, pois amo o meu senhor e quero servi-lo, nesse caso, ele era levado até a porta da casa e tinha a sua orelha furada nos umbrais da porta. A partir desse dia, nunca mais ele poderia sair livre, pois era um escravo com a orelha marcada. Serviria ao seu senhor por todos os seus dias.
Os umbrais da porta eram exatamente o lugar onde o sangue da Páscoa havia sido aspergido. Isso simboliza algo poderoso. Nós fomos comprados pelo sangue do Cordeiro, éramos escravos comprados, mas, porque amamos o nosso Senhor, recebemos a marca, o selo do Espírito sobre nós, e agora não podemos mais ir embora. Estaremos para sempre com o nosso Senhor. Já não somos como aquele escravo que serve por obrigação, somos escravos voluntários que servem por amor.
O adorador é esse escravo com a orelha furada. Nós fomos comprados pelo sangue do Senhor. Assim que somos salvos, o Senhor nos leva até a porta e pergunta se queremos ir embora. Apesar de termos sido comprados, não fomos colocados numa prisão. Nós, porém, voltamos e dizemos: Senhor, para onde eu vou, se só tu tens as palavras de vida eterna? (João 6:68).
Maria usou os cabelos para enxugar os pés do Senhor. O versículo 3 diz que ela enxugou os pés do Senhor com os cabelos. Será que esse ato tem algum significado espiritual? Eu creio que sim. Paulo nos diz o sentido bíblico do cabelo em 1 Coríntios 11:14-15: Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha. O cabelo, portanto, simboliza glória. Os pés, por outro lado, são as partes mais humildes do corpo, pois são eles que recebem a sujeira deste mundo. Raramente tocamos em alguém com essa parte do corpo, no entanto Maria estava aos pés do Senhor.
Naqueles dias, era normal que o dono da casa oferecesse uma bacia com água para que o convidado lavasse os pés. É possível que Jesus tenha chegado, mas a água ainda não havia sido trazida. Seus pés estavam sujos da caminhada, empoeirados pelas estradas de Jerusalém. Maria chega, então, e unge com óleo os pés de Jesus e os enxuga com o próprio cabelo. Ela pega o cabelo, que simboliza a sua glória, e coloca aos pés do Senhor.
O Senhor não a impediu, não a repreendeu, nem mandou que ela trouxesse uma toalha para enxugar os seus pés. Ele não impediu porque sabe que, aos seus pés, deve ficar a nossa glória. Não é possível adorar preservando a glória. Não há adoração se você não abrir mão da sua posição. Não há adoração se você não se colocar como servo. O escravo não tem direitos a reivindicar. Não há pleitos para negociar. Ele é apenas alguém que serve. Essa foi a posição em que Maria se colocou.
Ela enxugou com os cabelos indicando liberdade da opinião dos outros. Não dá para adorar a Deus se você está preocupado com a opinião do vizinho do lado. Talvez você se pergunte: "O que vão pensar de mim?" Algumas vezes, sentimos o impulso para adorar a Deus de forma extravagante, mas nos contemos com receio do que poderão pensar de nós.
Não era algo normal naqueles dias enxugar os pés de alguém com os cabelos. Certamente, era algo constrangedor e muito embaraçoso. Maria constrangeu a todos que estavam ao seu redor. Todos ficaram sem saber como reagir naquele momento.
Você adora a Deus de forma desimpedida? Ou você ainda é escravo da opinião de outros? Você tem medo de parecer ridículo? Verdadeiros adoradores são apaixonados! Quem é apaixonado não mede esforços. Quem ama faz tudo para agradar. Muitas vezes, o Espírito é apagado em nós porque ficamos preocupados com a opinião do vizinho. Se é a pessoa do lado que nos comanda e nos governa, então deixamos de agradar ao Senhor e estamos apenas buscando o favor dos homens. Paulo diz em Gálatas: Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo (Gálatas 1:10).
Ela enxugou com os cabelos indicando que não foi um ato premeditado. Se Maria tivesse premeditado lavar os pés de Jesus, ela teria levado uma bacia e uma toalha. Sabe por que ela usou os cabelos? Porque tudo foi fruto de um impulso do momento. Ninguém trouxe a água para lavar os pés de Jesus, ela então percebe que havia um perfume guardado e imediatamente se põe a ungir os pés com ele, mas repentinamente se lembra de que não havia trazido a toalha, então certamente ela percebeu que poderia usar os seus cabelos.
Isso nos mostra que a adoração genuína não pode ser totalmente programada. A adoração verdadeira não pode ser totalmente premeditada. É necessário um elemento de espontaneidade. Não é bom quando os nossos cultos são completamente conduzidos, quase maquinalmente: "Agora levante as mãos. Agora cante bem alto. Diga ao Senhor que você o ama". Não estou dizendo que essas coisas sejam erradas, apenas não são o melhor de Deus. Não é atitude de gente crescida e íntima do Senhor. Imagine se ficasse dizendo aos irmãos o tempo todo como tratar sua esposa: "Dê um abraço nela. Agora dê um beijo. Diga que você a ama". Nenhuma esposa gostaria disso. Não se sentiria realmente amada. Se é verdade em relação à sua esposa, deve ser também em relação ao Senhor. Seja livre para adorar a Jesus.
Maria ofereceu algo precioso ao Senhor. Judas, que sabia muito bem o preço das coisas, avaliou o perfume em mais de trezentos denários. Um denário era o salário de um dia de um trabalhador. Isso significa que aquele perfume custou quase um ano de trabalho. Isso é muito caro em qualquer época e em qualquer moeda. Mas Judas Iscariotes, um dos Seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? (João 12:4-5).
Para carnais como Judas, um ato de adoração como esse é um grande desperdício. Maria, porém, não se importou de pegar o salário de quase um ano e derramá-lo sobre Jesus. Isso nos fala que adoração genuína nos custa algo. Custa entrega, consagração e santificação. A adoração genuína pode custar até dinheiro também, tudo depende da demanda que Deus está tendo com você. O que Deus está pedindo de você? Adoração é entrega! Ninguém pode dizer que está adorando a Deus se não está entregando nada. Não podemos comparecer diante de Deus de mãos vazias para adorá-lo.
A adoração de Maria produziu desconforto nos carnais. Na Bíblia, existem duas linhagens de homens: o carnal e o espiritual. Eles não podem andar juntos porque o carnal sempre perseguirá o espiritual. Caim era carnal e matou Abel, seu irmão, justamente porque a adoração de Abel agradou a Deus. Sabemos que Ismael e Isaque não podem caminhar juntos, Abraão não podia continuar vivendo junto com Ló e Jacó não podia morar junto com Esaú. Em nossos dias, isso não é diferente. Davi, o adorador, sempre será perseguido por Saul, o carnal.
Sempre haverá pessoas que se sentirão incomodadas com a adoração verdadeira por causa de sua visão natural das coisas do Espírito. Aquele que é espiritual percebe quando outros estão ministrando no santo dos santos.
O profundo atrai o profundo, o espiritual atrai o espiritual, mas o carnal sempre procura caminhar junto de outros igualmente carnais. Judas ficou incomodado com o que estava acontecendo porque o espiritual incomoda o carnal.
A casa se encheu do perfume. A adoração manifesta a fragrância da presença de Deus. No versículo 3, lemos que toda a casa se encheu com o perfume do bálsamo. A adoração tem o poder de encher a igreja com a glória do perfume de Cristo.
Sabemos que, para sermos salvos, não precisamos fazer obra nenhuma, precisamos apenas crer, mas a recompensa do reino é somente para aqueles que amam. A recompensa do reino é para os verdadeiros adoradores. A intimidade do Rei é reservada apenas para os adoradores.
O ato de quebrar o vaso nos mostra que há uma relação íntima entre adoração e quebrantamento. Se o vaso não for quebrado, o perfume não flui. Nós somos o vaso, e o bom perfume está em nós, se não formos quebrados, não exalaremos o bom perfume.
Maria foi essa pessoa que se deixou quebrar e por isso recebeu um nome, uma memória diante de Deus. Onde for pregado este evangelho, será lembrado o que ela fez. Hoje, estou dizendo o que Maria fez porque essa é uma das chaves para termos a glória do Senhor entre nós. Você quer ter um memorial diante de Deus? Não teremos memória pela quantidade de obras que fazemos, mas pelo perfume que carregamos. E esse perfume só é liberado na adoração daqueles que amam ao Senhor.
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